quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Duas obras de Foster em Londres

O Museu Britânico é parada mais que obrigatória para qualquer turista em Londres. Acervo incrível de proporções colossais (são mais de 7 milhões de objetos, de todos os continentes), peças raras, de grande valor histórico que nos permitem uma verdadeira imersão na história e na cultura das civilizações.

O mais interessante é que além de parada obrigatória por conta de seu acervo, na última década o Museu foi se tornando cada vez mais um local de passagem obrigatória para muitos dos habitantes que no seu dia a dia costumam caminhar ou descansar por ali. No coração dos edifícios neoclássicos que abrigam as coleções, o grande quadrilátero que no projeto original ficava a céu aberto, recebeu no ano 2000, em comemoração ao novo milênio, uma imensa cobertura translúcida criada pela arquiteto e Lorde inglês, Sir Norman Foster.
Visto de fora, o Museu já é bastante imponente, desde os portões de entrada até suas colunas na fachada e a escadaria principal, mas lá fora não há nada, nenhum sinal, nenhuma dica sequer sobre a cobertura e esta “praça coberta” que lá dentro se revela. Talvez por isso, ela ainda hoje continue surpreendendo quem visita o museu pela primeira vez. A estrutura e os vidros sugerem movimento, a cobertura como um todo criaum “link” entre as salas do acervo que ficam ao redor do quadrilátero e promove a entrada da luz natural e um grande bem estar, tanto no inverno quanto no verão, tudo muito convidativo, muito agradável. Não é à tôa que as pessoas que por ali moram ou trabalham costumam cortar caminho por dentro do museu, percorrendo o “Great Court”, de um lado a outro,e também se apropriam daquele espaço de várias maneiras, como uma praça fechada onde se pode ficar e além de tudo respirar toda aquela cultura milenar.

Já do outro lado do Tâmisa, um outro projeto de Foster, este exposto em toda a sua exuberância e visível às margens do rio a quilômetros de distância, provoca também sensações em quem o vê.

Inaugurado em 2002, o City Hall tem uma arquitetura toda peculiar, tanto por fora quanto por dentro. Um volume que parece uma esfera modificada, muito mais que uma simples elipse, um edifício que não se sabe ao certo onde é a frente e onde ficam os fundos e que veio ao longo destes anos recebendo de londrinos e de turistas muitos apelidos, alguns carinhosos outros nem tanto.

Este foi o primeiro edifício de uma série de obras que foram sendo erguidas em Southwark, a fim de renovar toda a região e criar uma nova vida e uma nova identidade para estre trecho ao sul do Tamisa.

O volume inusitado da prefeitura já virou cartão postal da cidade, e para os turistas, são contadas histórias poéticas que justificariam a sua forma, mas é muito importante ter ciência de que a forma do edifífcio vai muito além de razões puramente estéticas: para se chegar nesta forma, o edifício foi estudado e reestudado em odelos computadorizados para que alcançasse os melhores níveis de eficiência energética possíveis e aqui vãoalgumas considerações para que, em sua próxima visita a Londres, possa olhar o City Hall com outros olhos:

De todas as formas sólidas, a esfera tem a menor área de superfície em relação ao volume. Com esta esfera modificada, o edifício passa a ter aproximadamente 25% menos área de fachada do que, por exemplo, um edifício quadrado, com o mesmo volume. Minimizando a área de superfície do edifício, a perda ou ganho de calor não desejado pode ser evitado.

A sua inclinação, com cada pavimento se sobrepondo ligeiramente para fora em relação ao inferior, também é favorável à eficiência energética: desta forma, na face sul (mais ensolarada) cada pavimento sombreia o de baixo, evitando o excesso de radiação solar e portanto diminuindo a demanda energética e o consequente uso de ar condicionado.

Na face norte, onde o edifício recebe menor radiação solar, pode-se abrir as janelas da fachada para a entrada de luz natural e permitindo ainda, neste caso, ampla vista do rio.

Modelagens computacionais com muitas análise integradas estudaram a forma e demonstraram como mover as correntes de ar através da construção, e a planta do interior do edifício também foi definida de forma a maximizar a ventilação natural.
Neste projeto, Foster usou a experiência adquirida no Reichtag de Berlim, e aparece novamente a rampa helicoidal que percorre todo o edifício por dentro e proporciona bons níveis de isolamento acústico, como também foram alcançados anteriormente na sede do Parlamento Alemão em Berlim.

Mas para que nã seperca o ar poético e estético, o comentário é que a rampa que se vê desde lá de fora representa o acesso aos governantes e a transparência dos mesmos. ´
O que posso assegurar com toda a certeza, é que poesia mesmo foi subir aquela rampa, e que a transparência, pelo menos de dentro pra fora nos permite ver a porção norte Londres e o Tâmisa ficando bem aos nossos pés. E apesar da pouca altura do edifício (10 andares), do último andar tem-se vistas de tirar o fôlego da famosa Tower Bridge, da Torre de Londres e do aglomerado de edifícios altos do outroladodo rio...nesta hora, não dá pra ficar pensando em eficiencia energéitca e ar condicionado, iluminação natural...só dá pra sentir...e viajar na historia e na arquitetura que só os olhos podem ver... Pura poesia!




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