sexta-feira, 29 de maio de 2009

Viva Barcelona


Barcelona é uma cidade que se revela aos poucos.

O turista que chega pela primeira vez à cidade, segue direto para seus principais monumentos, para as obras de Gaudi e para as principais ruas e avenidas, como Paseo de Gracia e as Ramblas, buscando nos pontos turísticos e em suas principais vias a identidade desta cidade tão única.

No entanto, Barcelona é muito mais do que isso. Uma visita completa só se encerra quando temos contato com a vida urbana tão intensa de seus bairros,com a diversidade de identidade encontrada em cada bairro e em seus habitantes. A mescla de imigrantes+turistas+catalães+tantos moradores temporários que ali estão só para passar um período curto de suas vidas, em busca de tudo que Barcelona pode oferecer, que só vieram a Barcelona, porque, afinal, Barcelona é Barcelona, é imensa e somos constantemente atendidos por temporários-estudantes nos bares e restaurantes da cidade. E é verdade. Eles tem razão de vir. De querer viver. Aqueles que se permitirem, devem e podem viver isto. Barcelona é única.

Certo dia, enquanto apreciava uma crema catalana (a versão catalã do creme brullè – nem indico este lugar. Já comi melhores.) sentada em um pequeno restaurante numa lateral do edifício do MACBA, no bairro do Raval, fiquei observando as pessoas naquele ambiente, em um domingo final de tarde.

Eram muitos jovens com seus skates, aproveitando as facilidades que as rampas brancas de Richard Méier, arquiteto do Museu, sem pretensões, proporciona a este esporte, também muitos casais, muitas crianças e muita gente de todo tipo passeando, convivendo, em meio a turistas tirando suas fotos de “demarcação de território”.

Em Barcelona, assim como em tantos outros lugares da Europa, talvez pela falta de espaços maiores em suas moradias, as pessoas se utilizam dos espaços públicos da cidade, sabem apreciar e valorizar isto, cuidando destes espaços, apropriando-se deles como espaços de lazer e convivência. E isto acontece o tempo todo, não é uma coisa que precisa ser planejada, feita uma vez na vida. Lá, qualquer minutinho vale. Qualquer tempinho é hora útil para o “ócio produtivo”, como costumo chamar o lazer destes tantos Europeus que curtem suas cidades, seus museus, as tantas opções culturais oferecidas pela cidade.

Caminhar pela cidade também é revelador. A cada rua revelam-se novos caminhos, novas perspectivas, imagens incríveis que ficam gravadas pra sempre na retina. É curioso como diante de tantas coisas belas para se ver e se apreciar, é difícil aguçar todos os sentidos da mesma forma, e nos prendemos a certos detalhes que naquele dado momento mais chama a atenção. Ao retornar em uma mesma rua, fazer um mesmo trajeto, descobrimos outras perspectivas, notamos coisas novas. Isto acontecia comigo direto.
Nesta cidade reveladora, nunca faltam opções para se explorar, novos lugares, novos sabores, novas perspectivas. Uma cidade de infinitas possibilidades. Uma cidade encantadora, com tanta diversidade dentro de si.

De uma maneira ou de outra, seja por sua arquitetura, moderna ou antiga, sua cultura, suas surpresas gastronômicas ou seus charmosos espaços públicos, grandes e pequenos, antigos e recentes, não há quem não se deslumbre com esta cidade de inúmeras faces, de uma diversidade e multiplicidade sem igual. Sempre há alguma coisa com que se identificar, sempre há algo novo. Talvez seja este o motivo pelo qual Barcelona atrai tantos públicos diferentes, que contribuem sobremaneira para criar este ambiente e este cenário tão diversificado que faz desta cidade uma cidade única no mundo.

Viva Barcelona!